Outro projeto marcante nesses 25 anos de Fox Engenharia foi o da sede do Ministério Público Militar (MPM) em Brasília, desenvolvido em 2006. 

Quando um projeto começa errado, a chance da obra também dar errado é gigantesca. Mas ainda bem que o inverso também acontece, que foi o que ocorreu neste caso. O processo de contratação foi algo inédito na época. Não fora uma simples licitação cujo objetivo do Contratante era única e exclusivamente o menor preço. O MPM elaborou um edital de técnica e preço, onde notas eram atribuídas para cada um destes aspectos. No caso da técnica, os licitantes deveriam apresentar um estudo preliminar de arquitetura alinhado com o programa de necessidades apresentado pelo cliente. Quanto mais aderente ao programa, maior seria a nota. Com relação ao preço, naturalmente quanto menor o valor, maior a nota. Uma média ponderada entre os dois resultados determinava a nota final e, consequentemente, o vencedor do certamente.

Como num concurso, neste tipo de edital existe o risco de despender horas de trabalho sem a garantia da contratação. Contudo, quanto melhor o estudo desenvolvido, maior poderia ser o preço apresentado. E foi exatamente o que ocorreu. Nós nos dedicamos intensamente no estudo preliminar, que nos garantiu a melhor nota no quesito técnica. Já no quesito preço, nosso valor ficou bem acima de menor custo ofertado, mas na média tivemos a melhor nota.

Outro fator muito importante para o sucesso deste projeto foi a autonomia dada pelo MPM ao seu corpo técnico. Tínhamos muito receio que o desenvolvimento dos trabalhos sofresse constantes alterações de rumo em virtude das intervenções dos futuros inquilinos, formados principalmente por autoridades do Ministério Público e Procuradoria Militar. Mas os arquitetos e engenheiros do órgão conseguiram contornar estas dificuldades e abrir caminho para o desenvolvimento de nosso trabalho.

Agora vamos falar do projeto. O primeiro grande desafio era o programa, extremamente complexo e que envolvia, além das áreas usuais de escritórios, ambientes como restaurante (inclusive com cozinha industrial), ambulatório, lojas, auditório com capacidade superior a 400 lugares, data center, biblioteca, dentre outros. Tivemos que nos cercar de consultores para auxiliar no tratamento das peculiaridades de cada ambiente. É importante salientar que, com exceção do projeto de estruturas, fomos responsáveis pelo desenvolvimento dos projetos de todas as disciplinas, inclusive o desenho do mobiliário e identidade visual.

O partido

Criar espaços agradáveis e diferentes para que os usuários do edifício consigam se desprender do ritual de percursos e horários do cotidiano, característico da cidade. Este, juntamente com o atendimento das premissas, foi o principal objetivo trabalhado no partido.

O ponto de partida foi utilizar a passarela de união entre os edifícios, solicitada como condicionante no programa, também como ponto de união visual entre os ambientes (e pessoas) através de pátios internos à edificação. Estes claustros foram trabalhados de forma a criar ambientes que possibilitassem o distanciamento com a rotina de trabalho, utilizando vegetação, caminhos sinuosos, trechos de iluminação natural e outros elementos semelhantes.

Logo, os usuários da edificação têm duas possibilidades de campos visuais: interno – com a vista do claustro (jardins) e dos demais ambientes de trabalho; e externo – com o aproveitamento da vista que o terreno possibilita. 

Fachadas

Nas fachadas a maior preocupação foi com a colocação de elementos que pudessem melhor proteger e aproveitar a luz natural, com a instalação de brises verticais, horizontais, panos de vidro e outros elementos apropriados para cada ponto cardeal. Tais variações, porém, não acontecem com os revestimentos com a intenção de se manter uma unidade visual para todas as edificações do complexo.

O Uso Racional dos Recursos Energéticos e Naturais

Os conceitos de economia foram introduzidos na fase de projeto, inclusive influenciando na forma e estética da edificação. Além desta economia financeira ainda há capitalização com a imagem da instituição quando se demonstra preocupação com o meio ambiente e com o uso dos recursos, neste caso, públicos.

Algumas tecnologias ainda não se mostravam ter um retorno de investimento viável. Porém, pelo ganho na imagem institucional e por possibilidade de escassez futura, o investimento tornou-se convidativo. 

O pátio interno da edificação pode ser considerado a principal influência do uso racional dos recursos no projeto. Ele possibilita a utilização da iluminação natural nas circulações, além de não haver a necessidade de instalação de sistema de condicionamento de ar nestes ambientes. Neste caso foi utilizado um sistema de ventilação mecânica com resfriamento evaporativo, garantindo controle e temperatura e umidade.

Já se mostrava perfeitamente viável à época do projeto o controle do nível de iluminamento interno nos ambientes de trabalho através do sistema de automação. Luminárias periféricas, próximas às janelas, seriam acionadas somente quando o nível de iluminamento interno atingir valores inferiores aos de norma.

Com relação ao consumo de água, a edificação também está preparada para receber sistema de aproveitamento de água pluvial. Através de uma rede exclusiva, as águas provenientes de precipitações pluviométricas podem ser captadas, filtradas e armazenadas para posterior utilização, principalmente em descargas sanitárias e em sistemas de irrigação de jardins.

MPM - Ministério Público Militar

Autor: Mairton Holanda

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